A jornada estranha e soturna de O Cavaleiro Verde

Adoro quando vejo que alguns atores seguem uma carreira surpreendente. É o caso de Dev Patel. Desde o  início, com personagens e produções tão diferente como o vencedor do Oscar Quem quer ser um Milionário? e a série maravilhosa The Newsroom. Recentemente ainda o vi em A História Pessoal de David Copperfield, disponível na HBO Max. Mas realmente nada havia me preparado para a surpresa de O Cavaleiro Verde, que estreou hoje (21) na Amazon Prime Vídeo. É um filme estranho, soturno, mas nem por isso menos interessante.

Eu já tinha ouvido falar muito de O Cavaleiro Verde durante as premiações da crítica americana no ano passado. Muita gente o colocou entre os melhores do ano na ocasião. Eu assisti o filme no avião. E mesmo na tela pequena, ele já impressiona pelo seu visual.

A história é uma reimaginação da clássica lenda de Gawain e o Cavaleiro Verde. O cavaleiro do título, que mais se parece comuna árvore, invadiu a corte de Rei Arthur. Lá desafiou qualquer um dos membros da Távola Redonda a atacá-lo com seu machado. A pegadinha da história é que ele retornaria para devolver o golpe em um ano e um dia. Gawain (o personagem de Dev Patel) aceita o desafio e corta a cabeça do Cavaleiro Verde. Ele, por sua vez, pega o próprio crânio decepado e diz, “até daqui um ano e um dia, Gawain”. Dessa forma, cabe ao jovem descobrir como manter sua parte do acordo sem perder a cabeça – literalmente.

O que achei do Cavaleiro Verde?

Tudo é muito bonito, apesar de sombrio. A jornada de Gawain rumo ao seu destino tem momentos realmente envolventes. Ele encontra personagens totalmente estranhos vividos por gente como Barry Keoghan e Joel Edgerton. Entretanto a história é cheia de idas e vindas, com significados implícitos, que talvez possa não ser entendido por todos. Gawain é um anti-herói, cheio de defeitos e ambições como a maioria de nós. E é isso que o move para frente , para o desconhecido. A busca pelo Cavaleiro verde do título nem é o mais importante. É só uma desculpa para tudo que ele vai viver no caminho.

Dev Patel está excelente no papel principal. É um ator que sempre gosto de ver. O elenco ainda tem muita gente boa. Repare na participação tétrica de Sean Harris e Kate Dickie como o rei e a rainha. E ainda as participações de Sarita Choudhury como a mãe bruxa. Alguns podem interpretar que ela é a Morgana da história do rei Arthur, mas no conto, a mãe de Gawain é outra, Morgause. Fica aberto à interpretação de cada um. O filme ainda tem interessantes participações de Alicia Vikander como Essel, e Joel Edgerton como o Lorde. Só como curiosidade, Joel já fez o papel de Sir Gawain em Robin Hood, de 2004.

No final, muita gente não vai gostar do ritmo lento e contemplativo.  Ou mesmo entender a história e seu significado. Mas mesmo assim, é admirável que o filme faça uma interpretação diferenciada de um conto clássico. E especialmente que você possa ter sua própria interpretação dessa jornada de Gawain.