Cate Blanchett está na minha lista tríplice das melhores atrizes da atualidade junto com Charlize Theron e Kate Winslet. Por isso, vou assistir qualquer filme com as três. Mesmo que o filme seja ruim, elas sempre valem a pena. E isso aconteceu com Cate Blanchett e o filme Tár, que estreia nessa quinta nos cinemas. Cate é ótima como sempre – inclusive é a favorita para o Oscar de melhor atriz. Já o filme…
A renomada maestrina/compositora Lydia Tár (Cate Blanchett) alcançou uma carreira invejável com a qual poucos poderiam sonhar. Ela é a primeira diretora musical feminina da Filarmônica de Berlim, e está no topo do mundo. Como regente, Lydia não apenas orquestra, mas também manipula. Como uma pioneira, a virtuosa apaixonada lidera o caminho na indústria da música clássica dominada por homens. Além disso, Lydia se prepara para o lançamento de suas memórias enquanto concilia trabalho e família. Ela também está disposta a enfrentar um de seus desafios mais significativos: uma gravação ao vivo da Sinfonia nº 5 de Gustav Mahler. No entanto, forças que nem mesmo ela pode controlar lentamente destroem a elaborada fachada de Lydia. E revela segredos sujos e a natureza corrosiva do poder.
O que achei?
Ao contrário do que o filme parece querer dizer, Lydia Tár é um personagem fictício. Foi criado por Todd Field, também diretor. Ele escreveu o roteiro com Cate Blanchett em mente, e disse que não o faria com outra atriz. Acredito. É Cate quem faz suportar as 2h38 minutos de filme. O roteiro tem furos monstruosos, e poderia ter facilmente cortado pelo menos uns 40 minutos da história. É claro que há bons momentos. Por exemplo, a aula inicial onde ela destrói o pensamento de um aluno, é um deles. Foi inclusive filmado num único take. Mas é claro que muito disso se deve a Cate. A partir daquele momento, ela agarra com unhas e dentes uma personagem amoral e destrutiva. É mais uma grande atuação da atriz.
Entretanto, ao tentar mergulhar no mundo da música clássica, e dos egos envolvidos, Todd Field não consegue envolver. Busca um distanciamento, como se dissesse “olhe como sou um grande artista, como meu filme é especial”. E não é. Tár se afunda ainda mais na parte final do filme, quando Lydia parte para a Ásia. Algo totalmente desnecessário.
Entretanto, imagino que serei uma das poucas vozes contrárias ao filme. Ganhou vários prêmios. Isso inclui o prêmio máximo dos Críticos de Nova York, Los Angeles, e da National Society of Filme Critics. E ainda foi o Filme do Ano pelo American Film Institute. Levou ainda cinco indicações para o BAFTA, e seis para o Oscar. Em ambos os casos, estão as de melhor filme e diretor. A maioria da crítica pode até gostar, mas duvido bastante que Tár vá se conectar com o público.