Quando era menina, eu costuma pegar revistas antigas da coleção de Filmelândia de minha mãe, e observava as fotos das atrizes que eram famosas nos anos 50 e 60. Jayne Mansfield estava em muitas delas. Mas, tanto ela como Mamie Van Doren e Sheree North (quem se lembra delas?) me pareciam só imitadoras de segundo escalão de Marilyn Monroe. Somente agora, ao assistir ao sensacional documentário Minha Mãe Jayne, disponível no MAX, é que percebi o quanto Jayne era muito maior que toda essa persona que criou. O documentário, exibido em Cannes, foi feito por sua filha Mariska Hargitay, conhecida por todos por Law & Order SVU. É lindo, emocionante, e traz o público para dentro dessa família.
Minha Mãe Jayne mostra a busca de Mariska para saber mais sobre sua mãe, que morreu num acidente de carro quando ela tinha apenas três anos. Com isso acompanhamos suas conversas com os quatro irmãos, com a madrasta, com o secretário de Jayne. E também sua busca por fotos, documentos, e fatos. E claro, como foi publicamente falado na época do Festival de Cannes, o reconhecimento de seu real pai biológico. O brasileiro (nascido em São Paulo) Nelson Sardelli também aparece no documentário.
O que achei?
Mariska fala muito da dificuldade que tinha em lidar com a persona de sex symbol da mãe, que era uma mulher inteligente, e tocava piano e violino. Talvez por isso Mariska sempre tenha ido num sentido totalmente oposto em sua própria carreira, fazendo mulheres muito fortes como Olivia Benson. É especialmente incômodo ver uma entrevista em que Jayne fala sobre querer mudar os rumos de sua carreira, toca violino, e recebe uma reação ridícula do entrevistador, com uma plateia dominada por homens. Tudo o que resta à atriz é rir – assim eram as coisas naquela época. E ainda como várias das atrizes daqueles tempos em Hollywood, Jayne também não tinha muita sorte com homens, inclusive apanhando de alguns deles.
Há momentos especialmente comoventes. Entre eles como descobriram Mariska no dia do acidente que matou sua mãe, e especialmente a história do piano. Nesse último, confesso que não consegui conter o choro, juntamente com Mariska na tela. Minha Mãe Jayne é documentário como poucos, informativo, detalhista, mas ao mesmo tempo cheio de emoção. Espero que não esqueçam dele na Temporada de Premiações. Está entre as melhores coisas que assisti até agora em 2025.
