Eu confesso que nunca vi uma montagem de Hedda Gabler , de Ibsen. É uma peça clássica. No teatro já foi feita por divas como Ingrid Bergman, Maggie Smith e Cate Blanchett lá fora. Por aqui, a mais famosa é a de Dina Sfat. E agora, Tessa Thompson assumiu esse papel tão importante num filme que está disponível na Prime Video chamado somente Hedda. Sua estratégia é conseguir estar presente na Temporada de Premiações. Ela já conseguiu indicações para o Gotham e para o Astra. Resta saber se terá fôlego para ser finalista nas próximas competições. Meu amigo José Augusto Paulo assistiu ao filme e escreveu sua crítica sobre Hedda. Veja aqui o que ele achou:

Uma opinião sobre Hedda
Hedda Gabler é a peca mais conhecida do norueguês Henrik Ibsen, que também escreveu Peer Gynt e Casa de Bonecas. Teve sua primeira apresentação em Munique em 1891, ainda é uma daquelas em que ninguém se atreve a criar uma sátira a respeito. Não é como Hamlet ou Romeo e Giulietta. A personagem central se aproxima mais de Lady Macbeth, de outra peca que também não dá lugar a versões humorísticas. A criação de Ibsen tem peso até no seu título, que nos parece ser ouvido como um carimbo no passaporte de nosso entretenimento mais cerebral e menos frívolo.

Portanto fiquei ansioso para assistir a nova versão lançada este ano com Tessa Thompson( de Creed) como Hedda. A escolha é interessante de uma atriz que na atmosfera dos anos 50 do filme seria percebida como não-branca, a refletir alguns dos segredos que Hedda carrega e aos poucos se demonstram no desenrolar da estória. Ainda no elenco estão Tom Bateman (Morte no Nilo) como o marido, George Tesman e Nina Hoss ( Tar) como Eileen Lovborg. E transformam o amante, no passado, de Hedda em uma mulher ao invés do homem no texto original.

A história
Mas a história segue em boa parte o texto original. Hedda, filha (ilegítima como depois saberemos) de um general, casou-se com o académico George, e o convence a obter uma casa enorme, na qual acontece uma festa. Ela não herdou muito do pai fora umas pistolas. Com isso, quer que o marido consiga um posto de prestígio na universidade para poder bancar o estilo de vida que acredita ser seu por direito. A festa, para qual estão convidados acadêmicos da Universidade para qual George tenta um posto, seria para impressioná-los. E claro, a anfitriã se esforça para tal. Só que entre os convidados esta Eileen (nesta versão talvez o personagem mais interessante, intenso e bem interpretado) que também concorre ao mesmo posto. Hedda a convida justamente com a ideia de desestabilizá-la em frente aos outros académicos e assim dar vantagem a George.
E ainda…
A peca é conhecida e sabemos como termina, mas melhor não contar mais para quem talvez não se lembre mais da trama e manter assim algumas surpresas. Em boa parte, Hedda teve suas filmagens no interior de Flintham Hall, em Nottinghamshire, uma propriedade originalmente do seculo X. Mas esta sofreu extensa reforma em 1798, e também em campos em Lincolnshire (e também onde está o lago).

O filme é intencionalmente escuro como que a refletir as intenções de Hedda, mas também de grande beleza. Cenas externas foram capturadas no final do outono, início de inverno. Com isso, não existem momentos ensolarados em parte uma releitura do que a audiência veria ao assistir a peça no interior de um teatro. A atuação, em parte teatral, mantém bem o ritmo do desenvolvimento da história. Dá um especial destaque à ambição desenfreada da personagem central e da inocência de alguns outros quanto as suas intenções. São inevitáveis as comparações com outras produções de um dos textos teatrais mais conhecidos dos últimos 150 anos. Entretanto, o filme ousou tentar algumas diferenças que o tornaram ao menos interessante para quem já havia assistido a peça.










































