Uma das grandes vantagens do streaming é nos apresentar a pessoas, coisas, paisagens através de filmes de todas as partes do mundo. É o caso da Dinamarca. O país já tem quatro Oscars, entre eles Pelle – O Conquistador e Druk – Mais uma Rodada (crítica aqui) . E na Netflix tem mais um filme chamado Uma Linda Vida, estrelado pelo canto que é superstar no país, Christopher. Meu amigo José Augusto Paulo assistiu ao filme, e já virou fã de Christopher, rsrs. Veja a crítica aqui:
Uma Linda Vida
Eu havia visto um trailer sobre este filme, Uma Linda Vida. Mas não dei muita atenção até que apareceu um docudrama intitulado Christopher – Uma Linda Vida Real e notei que era o mesmo ator. Isso me levou a descobrir que o ator na verdade é um cantor conhecidíssimo na Dinamarca (Christopher) e que o filme, em parte autobiográfico, cobre o início de sua carreira. Enquanto isso, o docudrama mostra o momento em que ele iria se lançar como uma estrela internacional. Ambos estão na Netflix.
Em Uma Linda Vida, um jovem pescador chamado Elliott (Christopher Nissen) com uma voz extraordinária, consegue uma chance única quando uma manager o descobre em uma festa. Ela era viúva de um outro astro da música pop e decide trazer a filha Lilly (Inga Ibsdotter Lilleaas) para ser a produtora do que pode ser o primeiro disco de Elliott. As coisas não começam bem porque Lilly quer voltar para Londres. De seu lado, Elliott esta intimidado de gravar no estúdio que já foi do falecido e também carrega uma certa bagagem por ter se tornado órfão muito jovem, não ter conseguido nenhuma estabilidade na vida, etc.
A crítica
Um comentário negativo que já encontrei sobre este filme critica o roteiro e os diálogos. Mas vale lembrar que é um filme dinamarquês e os escandinavos em geral são econômicos com as palavras. Sim eles falam pouco e são germanicamente diretos em todos os assuntos. Não haveria como colocar mais falas no filme. Portanto, se for assisti-lo, permita os silêncios como marca cultural.
Entretanto o que sobressai mais além das canções (todas compostas por Christopher) são os olhos do mesmo. Ele constantemente olha para a câmera de um jeito entre assustado, à beira do pavor, e encantado com o que vê. Seus olhos sempre parecem enormes e dá para ver bem o contorno do azul, etc. Talvez a primeira vez em que o olhar do ator se torna a parte mais notável de cada cena, quase hipnotizante. É preciso reconhecer que as canções também valem, mas saiba que a versão em inglês do filme, não é cantada por Christopher, mas por Ted Evans. A ideia de tê-las em inglês foi para provar que o repertorio dele teria valor internacional e acho que funciona.
E sim, o que vemos ali é seu início de carreira, com as incertezas, as dúvidas, os acidentes de percurso, os sacrifícios que terá de fazer, e uma certa falta de tato para lidar com tudo isso. Filmado no verão dinamarquês o filme faz do país um paraíso de cores que, como diz um conhecido meu dinamarquês, só dura uns dois a três meses ao ano. Portanto belo, bucólico, meio quieto, mas interessante. E se gostar assista o docudrama para as comparações entre personagens e pessoas reais, etc. e também para saber por que, se o rapaz tem feito tanto sucesso na Dinamarca e tem os olhos no resto do mundo, ele ainda não lhe é conhecido.