Ricardo Darín é uma das raras unanimidades cinematográficas que conheço. Todo mundo ama (eu também). Então quando a Netflix anunciou a série O Eternauta, estrelada por ele, logo fui assistir. É uma excelente produção de ficção-científica argentina – nível Hollywood de efeitos especiais. E também é completamente diferente do estilo de Darín ( por isso muitos fãs poderão não curtir) , mas vale conhecer.
O Eternauta é uma adaptação live-action da famosa graphic novel argentina de ficção científica, criada por Héctor G. Oesterheld e Francisco Solano López. Tudo começa numa noite de verão em Buenos Aires, quando uma misteriosa e mortal nevasca assola o continente. Logo se percebe que a tempestade não é um fenômeno natural, e que há algo muito mais assustador por trás disso . Juan Salvo (Ricardo Darín) é um dos sobreviventes. Ele se vê diante da missão de liderar um grupo em meio ao caos, enfrentando tanto o imenso frio quanto a ameaça terrível . À medida que tentam sobreviver, os personagens descobrem que a única chance de continuar vivos é se unir e lutar contra essa ameaça comum. A série acompanha a luta desesperada do grupo para enfrentar forças que parecem impossíveis de derrotar, enquanto os laços de amizade e sobrevivência se fortalecem.
O que achei?
Como fã de The Walking Dead, costumo dizer que a série é muito mais sobre crítica social e sobre a dificuldade das pessoas de viver em grupo do que propriamente sobre zumbis. Lembrei muito disso enquanto assistia O Eternauta. A HQ em que a série se baseia é um clássico na Argentina, que ficou muito popular na época da ditadura local, com sua crítica política embutida numa história de ficção-científica. Por causa disso, inclusive, um dos autores, Héctor G. Oesterheld, e suas filhas foram raptados e “desapareceram” em 1977.
Os três primeiros episódios da série – de um total de seis – são sensacionais. São mais dramáticos, mostrando o choque de ver tudo o que está acontecendo – e como lidar com isso. O elenco, especialmente Darin e Cesar Troncoso, como o acumulador dono da casa , estão ótimos. O drama, o suspense em todas as situações, envolvem a gente – é impossível tirar os olhos da tela. A partir do quarto episódio, a coisa se assume totalmente como ficção-científica, com todos os requisitos do gênero. Fica até um pouco confuso entender algumas reações do personagem de Darín, especialmente no que diz respeito às suas visões. Mas, isso não é problema para aproveitar a história.
É claro que muita gente vai ficar frustrada com seu final, que deixa uma porta escancarada para uma segunda temporada, que já foi aprovada. Mas eu curti a proposta totalmente diferente e inesperada da série – acho que pode até estar presente em algumas premiações.