Já aviso que não sou grande fã do diretor Luca Guadagnino. Acho que ele é super estimado, especialmente com seus trabalhos em filmes como Rivais e Queer, que muita gente ama. Mas de qualquer maneira, quando você tem um filme estrelado por Julia Roberts e Andrew Garfield, é impossível você pensar que não será incrível. O problema é que Depois da Caçada, que estreia nessa quinta nos cinemas, tem um elenco incrível, uma ideia cujo ponto de partida é bem interessante, mas que se perde tentando ser muito “artístico”, e esquece de ter um roteiro eficiente. E também tem um diretor que quer aparecer mais que a história.
No filme, Alma Imhoff (Julia Roberts) é uma professora universitária apaixonada pela sua profissão. No entanto, ao receber uma notícia surpreendente, a sua vida é completamente transformada. Maggie Price (Ayo Edebiri), a sua aluna prodígio, realiza uma denúncia extremamente grave contra um de seus colegas de profissão. Enfrentando um grande desafio, além de precisar lidar com a acusação feita contra Hank Gibson (Andrew Garfield), Alma precisa tomar cuidado para que um segredo obscuro de seu próprio passado não venha à tona.
O que achei?
O roteiro é repleto de inconsistências, o que gera mais confusão do que atenção. Tem uma trilha sonora irritante (mesmo com muita bossa nova). Além disso, o diretor perde um tempo enorme mostrando sequências desnecessárias, mas que tentam dar uma profundidade à narrativa. Com isso, fica difícil de entender certas motivações de alguns personagens. Ou seja, uma boa ideia – uma professora dividida entre a lealdade à sua aluna preferida ou ao seu melhor amigo – prejudicada por um desenvolvimento ruim . Há, é claro, algumas considerações interessantes, especialmente no que diz respeito aos papéis que as pessoas desempenham no sociedade nos dia de hoje. Destaco aqui um momento em que Alma rebate a necessidade de uma aluna em encontrar determinadas respostas segunda a sua expectativa.
Aliás, Julia é a grande força de Depois da Caçada. Sempre uma ótima atriz e uma presença forte, o filme deve o fato de ser suportável à ela. Andrew Garfield também está sensacional, mas aparece muito pouco. Gostaria de ter visto mais sobre a dinâmica dos dois. Há uma cena de reencontro quase no final que demonstra como esse caminho poderia ter sido muito mais interessante. Os coadjuvantes, Ayo Edebiri, de O Urso, e Michael Stuhlbarg também tem ótimos momentos. Este último está sensacional nos vários momentos em que tenta chamar a atenção de Alma, e não consegue.
Woody Allen
Luca Guadagnino ainda choca logo no início quando “presta uma homenagem ” a Woody Allen, colocando os créditos de Depois da Caçada com as letras e o estilo (e a canção) dos filmes de Allen. Uma cópia descarada, para falar a verdade. Segundo Luca, ele fez isso porque acha que seu filme lhe traz lembranças de alguns clássicos de Allen, como Crimes e Pecados e A Outra. Rsrs, só que ele esqueceu que precisa ainda “comer muito arroz com feijão” para chegar a um nível criativo de um Woody Allen. E vamos combinar que falar “cut” no final é meio ridículo, né?
