Este ano a gente teve um divisor de águas no cinema brasileiro, que foi Ainda Estou Aqui. O filme ganhou vários prêmios internacionais , inclusive o Oscar de filme estrangeiro. E agora, O Agente Secreto pretende seguir o mesmo caminho. O filme já ganhou o prêmio de ator e diretor em Cannes para Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho. E Wagner e o filme estão em praticamente todas as prévias de listas da Temporada de Premiações. Ele já concorre nas categorias de roteiro e ator no Gothams. Será que tem as mesmas chances? O filme estreia nessa quinta nos cinemas.

O Agente Secreto se passa no Brasil de 1977 onde Marcelo (Wagner Moura), que trabalha como professor , sai da movimentada São Paulo e vai para Recife. Ele tenta fugir do seu passado misterioso, com a intenção de começar uma nova vida. Ali, ele chega na semana do Carnaval. A princípio parece que terá paz e a calmaria. Mas, com o decorrer do tempo percebe que atraiu para si o caos do qual ele sempre quis fugir. Para piorar a situação, além de Marcelo estar sendo espionado, vê que a cidade que achou que o acolheria ficou muito longe de ser o seu refúgio.
O que achei?
A pergunta que todo mundo se faz é se O Agente Secreto é tão bom quanto Ainda estou Aqui. E eu posso dizer que não. Mas isso não impede que ele tenha uma carreira na Temporada de Premiações, especialmente no que diz respeito a Wagner Moura (ele inclusive será homenageado no Festival de Santa Bárbara). Mas o filme, que tem 2h38 de duração, tem desníveis na história. Ele começa muito bem, com uma cena ótima no posto de gasolina. Também tem um terceiro ato muito bem feito (toda a sequência da fuga dentro e fora da repartição é ótima).

O problema é o meio da história. Há várias sequências totalmente desnecessárias, que prejudicam a narrativa. Como exemplos, a sequência com Udo Kier, o jantar com a esposa de Marcelo em flashback, ou ainda todo o arco com Hermilla Guedes com a filha. Isso sem contar a bobagem da perna peluda, rsrs. Nada contra o trabalho dos atores, mas só que suas histórias são totalmente dispensáveis. O filme ficaria muito mais redondo se ficasse com duas horas de duração. Entretanto, mesmo assim, ele mantém a atenção. Especialmente por causa de Wagner, sempre um ator excelente e carismático.

Ainda é preciso destacar o trabalho de Carlos Francisco como o sogro, seu Alexandre, e Tânia Maria, como Dona Sebastiana. Tânia tem as melhores tiradas do roteiro, provavelmente cacos incluídos por ela mesma. Agora, eu fiquei mesmo surpresa em ver Gabriel Leone num papel de figurante de luxo, sem ter muito o que fazer.

Mas, de qualquer maneira, vale ver o filme. Especialmente porque mostra o final dos anos 70, quando havia perseguições, especialmente quando a pessoa cruzava o caminho de gente importante e influente. Mas com prós e contras, recomendo assistir.










































